EVENTOS
Webinar com embaixador do Brasil em Roma destaca oportunidades e desafios para exportações brasileiras e catarinenses na União Europeia
08/08/2025 13:30:00

A imposição de tarifas de até 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, em vigor desde a última quarta-feira (6), traz uma série de desafios econômicos e diplomáticos para o Brasil, especialmente para setores com forte presença no comércio internacional, como o agroindustrial.
O cenário de incerteza impulsiona a busca por alternativas e fortalece o debate sobre a diversificação de mercados.
Foi nesse contexto que a Câmara Italiana de Comércio e Indústria de Santa Catarina (CCIESC) promoveu, nesta quinta-feira (7), o webinar “O Contexto Internacional e as Oportunidades de Exportação e Importação na União Europeia”.
O evento reuniu autoridades brasileiras e italianas, representantes do setor produtivo e de órgãos estaduais, com o objetivo de discutir os caminhos para ampliar o comércio exterior com o bloco europeu, considerado um parceiro estratégico e com grande potencial de crescimento para o Brasil.
Participaram do encontro o embaixador Renato Mosca, da Embaixada do Brasil em Roma; o deputado italiano Fabio Porta; representantes da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), do governo catarinense, da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e o presidente da própria CCIESC, Tullo Cavallazzi Filho.
O acordo entre Mercosul e União Europeia, em negociação há mais de 25 anos, foi um dos principais pontos do debate.
Mosca destacou três pilares centrais para a diplomacia econômica brasileira: segurança alimentar, sustentabilidade (com foco na COP 30, que o Brasil sediará em novembro) e fortalecimento do sistema internacional de comércio, atualmente ameaçado por medidas unilaterais como as tarifas norte-americanas.
O deputado italiano Fabio Porta reforçou o otimismo, defendendo uma “conclusão histórica” ainda em 2025 e a complementariedade dos mercados.
Segundo ele, a Itália está entre os países da UE que mais se beneficiariam do acordo, podendo absorver até 20% das oportunidades geradas.
Porta também criticou as medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que elas demonstram ao mundo a necessidade de apostar em um sistema multilateral e equilibrado.
IMPACTO DAS TARIFAS E A NECESSIDADE DE DIVERSIFICAÇÃO
A presidente da Câmara de Alimentos e Bebidas da Fiesc, Micheli Poli, chamou atenção para os efeitos práticos das tarifas sobre o setor do café.
Os EUA consomem 24 milhões de sacas de café por ano e compram 8 milhões do Brasil, o que representa 12% da produção nacional.
Com a perda de competitividade nesse mercado, o Brasil terá que redistribuir esse volume, mirando destinos como Alemanha, Bélgica, Japão e países da Ásia e Oceania.
Ela também destacou que a Europa é o maior consumidor de café do mundo, com 53 milhões de sacas, o que representa cerca de 30% da produção global.
O bloqueio das exportações brasileiras de pescados para a União Europeia — vigente desde 2018 por questões sanitárias — emergiu como um dos pontos mais sensíveis do debate.
O setor pesqueiro de Santa Catarina, maior exportador nacional, foi representado pelo secretário estadual de Aquicultura e Pesca, Tiago Frigo, e por Celles Regina de Matos, presidente da Cidasc.
Ambos destacaram os esforços em curso para retomar as exportações, inclusive com a previsão de visitas técnicas de empresas italianas ao estado em outubro.
Frigo enfatizou que a suspensão foi voluntária, como resposta preventiva a inconsistências apontadas por auditorias da UE, e reiterou o compromisso do governo catarinense com as boas práticas sanitárias.
O secretário ressaltou o potencial do estado, que abriga 593 empresas do setor, com 24% da mão de obra nacional da área.
Segundo ele, o Estado já se mobiliza para atrair investidores e abrir diálogo técnico com autoridades italianas, com uma missão empresarial prevista para outubro.
Celles lembrou que a Cidasc já se colocou à disposição do Ministério da Agricultura para assumir as certificações das embarcações, caso haja necessidade.
Trata-se de uma etapa essencial para a liberação dos produtos.
Outro ponto transversal nas falas dos palestrantes foi o compromisso com a sustentabilidade, especialmente em vista da COP 30, que será realizada no Brasil em novembro.
Renato Mosca e Fabio Porta sublinharam que a imagem ambiental do Brasil é cada vez mais central para o posicionamento de seus produtos no mercado europeu.
Micheli Poli reforçou que a segurança sanitária e a rastreabilidade dos produtos catarinenses são uma vantagem competitiva, especialmente em setores como o das ostras e mexilhões, em que o estado é líder nacional.
O embaixador Renato Mosca afirmou que há expectativa de conclusão ainda neste ano, enquanto o Brasil preside o Conselho do Mercosul. Para ele, o momento é oportuno:
"Este é um momento geopolítico único, em que todos os fatores convergem para essa aprovação”.
"O acordo Mercosul-UE é uma janela de oportunidade que pode não se repetir”.
O deputado italiano Fabio Porta comentou:
“Nesse sentido, expressamos politicamente solidariedade a países como o Brasil e a Índia, que estão sofrendo uma retaliação”.
“O governo americano deveria ser mais inteligente, inclusive no aspecto econômico”.
"Essa forma fechada e rígida de tratar o comércio internacional se torna prejudicial até aos próprios países que tomam essas atitudes”.
Encerrando o evento, o presidente da Câmara Italiana de Comércio de SC, Tullo Cavallazzi, destacou que o objetivo do webinar foi indicar os caminhos para uma aproximação estratégica com a União Europeia, diante das mudanças no cenário global:
“Nossa ideia não era trazer uma solução imediata, mas apresentar os caminhos que precisamos percorrer para solucionar esse problema momentâneo”.
"Todos foram muito assertivos e trouxeram pontos muito concretos”.
“A aproximação da embaixada com o Estado de SC e a Fiesc, com a presença da Secretaria de Aquicultura e Pesca, da Cidasc e do empresariado que nos assistiu, já é um passo fundamental nesse sentido”.
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