INDÚSTRIA
Indústria quer reduzir emissões de gases na cadeia de proteína animal
17/04/2024 11:00:00
Dispostos a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, produtores suínos têm instalado usinas de biogás e biometano e a indústria é a principal impulsionadora.
De acordo com a engenheira ambiental Pauline Bellaver, que representou a Federação das Indústrias (FIESC) no sexto Fórum Sul de Biogás e Biometano, em Chapecó, a descarbonização traz benefícios para toda a cadeia envolvida e, principalmente, para sociedade.
A engenheira, que é especialista em sustentabilidade da Seara Alimentos - do Grupo JBS -, contou que, atualmente, 60% dos produtores integrados do grupo já possuem energia solar e 3% têm biodigestores.
Segundo ela, o objetivo é acelerar esse processo, que é um dos principais desafios do escopo 3, pois os dejetos suínos contribuem de forma significativa para a emissão de gases de efeito estufa.
No entanto, os produtores se deparam com dificuldades como o acesso ao crédito necessário para a adaptação de suas propriedades.
O Hub de Descarbonização FIESC vem atuando para desburocratizar este processo, incluindo no grupo de trabalho bancos como o BRDE.
Organizado pela FIESC, o hub atua na formação de pessoas, em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para o uso em escala e novos modelos sociais.
O foco é descarbonizar arranjos produtivos e a iniciativa será apresentada pelo SENAI nesta quarta-feira (17), durante o Fórum Sul de Biogás e Biometano.
No caso da cadeia de proteína animal, o desafio é ter em dez anos 100% dos dejetos suínos sendo aproveitados para a geração de biogás em Santa Catarina.
A JBS, que integra o hub da FIESC, desenvolveu modelos individualizados, para quando há escala, e também usinas centralizadas, para os casos em que os produtores possuem propriedades próximas.
Pauline pontua que este modelo, estudo piloto de usina centralizada está sendo conduzido em Santa Catarina com o objetivo de gerar combustível e ser alternativa às tradicionais fontes de energia.
Além disso, os investimentos no mercado de bionergia estão aquecidos, o que impulsiona projetos nesta área.
APOIO AO SETOR PRODUTIVO
Entre as soluções que o SENAI já oferece está o inventário de gases de efeito estufa (GEE) que vai mensurar as emissões da indústria catarinense.
O levantamento é conduzido por pesquisadores do Instituto SENAI de Tecnologia Ambiental.
Na JBS, por exemplo, o inventário já é realizado desde 2012 para o escopo 3 - categoria que inclui as emissões ligadas às operações da companhia, como matéria-prima adquirida, viagens de negócios e deslocamento dos colaboradores, descartes de resíduos, transporte e distribuição.
Outra iniciativa é a elaboração do Atlas de Energias Sustentáveis de Santa Catarina.
O trabalho visa mapear o potencial de geração energia de baixo carbono no estado, como por exemplo o hidrogênio, a partir de fontes como biomassa, resíduos, carvão, entre outras.
A partir do Atlas, será possível prospectar novos investimentos no setor, bem como posicionar o estado no cenário nacional.
Este trabalho será desenvolvido em parceria com o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis do Rio Grande do Norte, em linha com o conceito de powershoring da neoindustrialização - que se refere à instalação de indústrias em locais com alto potencial de energias renováveis, como eólica, solar e biomassa.
A rede de institutos do SENAI também vem atuando para que as empresas acelerem sua adaptação a transportes e fontes de energia menos poluentes.
Há oportunidades para descarbonizar a indústria no consumo de energia, gerenciamento de frota, transporte e distribuição, transporte de colaboradores, tratamento de resíduos, geração de calor, sistemas de refrigeração, viagens a serviço ou então compensar suas emissões residuais, por meio da aquisição de créditos de carbono, por exemplo.
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