INOVAÇÃO

Santa Catarina aposta em inovação para proteger liderança na avicultura com tecnologia inédita no Brasil

04/06/2025 14:00:00

Santa Catarina aposta em inovação para proteger liderança na avicultura com tecnologia inédita no Brasil

Santa Catarina ocupa posição de protagonismo no cenário nacional e internacional como um dos maiores produtores e exportadores de carne de frango do Brasil.

Essa liderança, no entanto, vai muito além da escala produtiva: é sustentada por rigorosos padrões de sanidade animal e investimentos estratégicos em pesquisa e inovação.

A recente confirmação de casos do vírus H5N1, causador da gripe aviária, no estado vizinho do Rio Grande do Sul, acendeu um alerta para a necessidade de prevenção e vigilância constantes.

Neste contexto, um projeto desenvolvido na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) vem ganhando destaque nacional.

A pesquisa desenvolveu, pela primeira vez no Brasil, organoides que replicam o trato digestivo de galinhas.

Esses modelos tridimensionais cultivados em laboratório permitem simular, de forma segura e sem o uso de animais vivos, os efeitos da infecção pelo vírus H5N1.

Trata-se de uma alternativa promissora para estudar a doença, acelerar o desenvolvimento de antivirais e reduzir custos com estruturas de biossegurança — hoje inexistentes em Santa Catarina no nível exigido para esse tipo de experimento.

A iniciativa é uma das 273 contempladas pelo edital 21/2024 do Programa de Pesquisa Universal da Fapesc, que destinou R$ 57 milhões ao fomento de projetos de inovação, sustentabilidade e impacto social em instituições sem fins lucrativos no estado.

Com potencial de transformar o modelo de pesquisa sobre doenças aviárias no Brasil, o projeto reforça o compromisso catarinense com a ciência como aliada estratégica da agroindústria.

Além de permitir o estudo do H5N1, a tecnologia abre caminho para a investigação de outras doenças respiratórias em aves, fortalecendo ainda mais a cadeia produtiva avícola e protegendo um dos principais pilares da economia de Santa Catarina.

Fábio Wagner Pinto, presidente da Fapesc, diz:

"A consequência econômica que uma doença como essa pode ter passou a ser ponto de nossa atenção e foco de editais para fomento e desenvolvimento de tecnologias em Santa Catarina".

"A Fundação segue a orientação do governador, Jorginho Mello, em olhar o desenvolvimento tecnológico voltado às demandas da região, às demandas que se exigem aos nossos produtores”.

"A pesquisa, a inovação e o fortalecimento da infraestrutura científica, com investimentos significativos em laboratórios de alta tecnologia, como os que existem na UFSC, promovem a colaboração entre pesquisadores e otimização de recursos para acelerar o desenvolvimento de soluções rápidas e eficazes".

Ricardo Castilho Garcez, professor e coordenador do projeto, afirma:

“O grande risco da gripe aviária vai além da saúde animal. Uma simples detecção do vírus em uma ave pode levar ao abate preventivo de milhares de animais, com prejuízos econômicos severos e impactos na segurança alimentar”.

“Hoje, Santa Catarina não tem nenhum laboratório com esse nível de segurança”.

"Já os organoides podem ser cultivados em placas de Petri, o que nos permite simular centenas de condições diferentes ao mesmo tempo”.

“Com o organoide, podemos aplicar uma substância e observar os efeitos quase imediatamente”.

"Isso é algo impensável com animais vivos, onde o processo é demorado e bem mais complexo”.

“Sem esse apoio, o projeto não sairia do papel. Os reagentes são caros, os equipamentos precisam ser importados”.

"A Fapesc enxergou a importância e apostou na nossa proposta”.