INDÚSTRIA

FIESC projeta crescimento tímido para a indústria de SC em 2025

03/02/2025 09:00:00

FIESC projeta crescimento tímido para a indústria de SC em 2025

A economia de Santa Catarina deve passar por um ano desafiador em 2025, com previsão de crescimento de apenas 1,73%, segundo a Federação das Indústrias do Estado de SC (FIESC)

A entidade avalia que os fatores que impulsionaram o avanço de mais de 7% em 2024 terão um peso diferente neste ano. 

As projeções fazem parte do Boletim de Conjuntura divulgado nesta segunda-feira (3).

CRÉDITO E CONSUMO EM QUEDA 

Entre os principais fatores para a desaceleração da economia catarinense está o impacto dos juros elevados nos setores que dependem do crédito. 

O economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, destaca que segmentos como o de bens de capital devem sofrer com a menor demanda. 

Além disso, segundo o economist, o crédito para a aquisição de bens por pessoas físicas será fortemente afetado pela Selic, que pode chegar a 15% a partir da metade de 2025. 

Isso deve levar a um desempenho negativo a partir de junho.

O crescimento mais lento da renda familiar também afetará o desempenho da indústria. 

Bittencourt acrescenta que o aumento do endividamento das famílias e os juros elevados devem reduzir o consumo, prejudicando setores como automóveis, eletrodomésticos e têxtil e confecções.

INCERTEZAS NO COMÉRCIO EXTERIOR 

No cenário externo, as políticas tarifárias anunciadas ou prometidas pelo presidente norte-americano Donald Trump trazem preocupações adicionais.

 Bittencourt alerta que ainda há muitas incógnitas sobre as medidas que os EUA podem adotar e seus impactos reais sobre as exportações catarinenses. 

Os Estados Unidos são o principal destino das exportações de SC e o segundo maior parceiro comercial do estado.

SETORES QUE PODEM MINIMIZAR OS IMPACTOS

Apesar do cenário desafiador, a agroindústria e a construção civil devem ajudar a minimizar os impactos da desaceleração econômica. 

Esses setores possuem um efeito de encadeamento, movimentando outras áreas da indústria.

A construção civil, por exemplo, impulsiona segmentos como cerâmica, plásticos, metais e madeira. 

Bittencourt explica que o setor deve continuar demandando matérias-primas, já que muitas obras iniciadas em 2024 seguirão em andamento em 2025.

Já a agroindústria tende a se beneficiar do aumento da produção agrícola, estimada em 8%. 

Esse crescimento deve fortalecer a indústria de proteína animal, especialmente na produção de carnes de aves e suínos, movimentando também setores como embalagens e metalurgia.

No entanto, Bittencourt ressalta que mudanças na política fiscal brasileira e nas tarifas norte-americanas podem alterar esse cenário ao longo do ano.

O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, aponta que a alta dos juros e do dólar impactaram negativamente a confiança dos industriais:

”O índice de confiança do empresário já reflete um maior pessimismo, especialmente pela falta de perspectivas de curto prazo para a redução da taxa básica de juros“.

”O setor produtivo também não vê sinais de que o governo federal esteja disposto a cortar gastos”.