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Rei de Angola participa de eventos em SC e visita Universidade do Vale do Itajaí

02/11/2023 15:00:00

Rei de Angola participa de eventos em SC e visita Universidade do Vale do Itajaí

O rei de Angola, Tchongolola Tchongonga-Ekuikui VI, visitou a Universidade do Vale do Itajaí (Univali), nesta quarta-feira (1º). 

O monarca, que representa o maior grupo étnico de Angola, os Ovimbundos, veio ao Estado para participar de alguns eventos e se conectar com a população angolana que vive em Santa Catarina, sobretudo nas cidades de Itajaí e Florianópolis.

Entre outros compromissos, a agenda do monarca também incluiu a participação no lançamento da Campanha Itajaí Sem Racismo, iniciativa do Município de Itajaí que visa divulgar e fortalecer a promoção da igualdade racial, durante o mês da Consciência Negra.

O rei Tchongolola Tchongonga-Ekuikui VI declarou que a visita ao Brasil deveria ter sido feita há muito tempo.

Para o monarca, este ato cumpre a profecia dos seus ancestrais que, sabendo que muitos africanos foram retirados das suas zonas de vivência para o Brasil, apostavam que um dia os seus filhos seriam visitados:

“Nós viemos aqui visitar e reconectar esse povo, informando a eles que nós ainda estamos vivos, nós que somos as raízes, nós que somos a fonte da cultura, dos hábitos, dos costumes e das tradições e também viemos aqui matar aquela saudade que nos separou por longos anos e manter a unidade, a união de forma que um dia eles também possam conhecer aquelas localidades de onde eles vieram".

Quando questionado sobre as similaridades entre os dois países, o rei da Angola, destacou o bom humor, a gastronomia e a dança:

“Realmente há bastante tempo nós ouvíamos dizer que Angola e Brasil são irmãos. Hoje estamos vendo que a amizade, a alegria, a boa recepção que nós encontramos aqui no Brasil é realmente aquilo que os nossos mais velhos sempre diziam". 

“E uma outra coisa é com relação à gastronomia. Aqui nós encontramos produtos iguais aos que tem na Angola, mas aqui a criatividade na gastronomia é diferente. E muito boa". 

“Vamos também levar alguma coisa daqui para lá. E vemos as danças praticadas aqui, a capoeira, o samba e outras, são muitas semelhanças, em várias áreas”.

O diretor de Assuntos Institucionais da Univali, professor Luis Carlos Martins, afirmou que foi um privilégio para a Universidade receber o monarca, que representa o maior grupo étnico no país:

“Santa Catarina mantém laços culturais com a África, especialmente, com Angola. A visita do rei fortalece os vínculos e reafirma a intenção de se estabelecer em Itajaí a Casa dos Amigos de Angola". 

"A Univali se sente honrada com a oportunidade de contribuir em projetos e ações, por meio de parcerias com Angola, o Município e a Associação.”

O professor do curso de Relações Internacionais da Univali, Diego Lopes Costa, explica que a comunidade angolana está presente em Itajaí desde o processo de independência e guerra civil que o país atravessou, na década de 70:

“Esse encontro é um símbolo de reconexão entre o rei do maior grupo étnico de Angola com essa comunidade que permanece aqui. É um momento histórico importantíssimo, sobretudo do ponto de vista cultural”.

A cofundadora da Associação dos Naturais e Amigos de Angola - Anang, Graça Lweji Fortes, conta que os primeiros refugiados que chegaram à cidade, em 1976, fundaram a organização e que a visita do monarca trouxe uma reconexão ancestral:

“Nós precisávamos desse aconchego. É como se um pai voltasse à casa e nos abraçasse. É isso que representa a sua majestade para nós". 

"E dado a importância que ele tem dentro de Angola, por ser o rei da maior etnia do grupo bantu, então nós estamos muito felizes, porque ele está nos trazendo, realmente, a reconexão ancestral que tanto nós precisávamos”.

A representante da Anang informou ainda que, a exemplo de São Paulo, a Associação busca instituir a Casa de Angola de Itajaí:

“Dada a importância da nossa chegada aqui nessa cidade e nosso histórico, nós queremos que futuramente as pessoas possam acessar isso e saber qual é a importância de Angola e de Itajaí". 

"Afinal de contas, nós crescemos aqui, nos fortalecemos e criamos vínculos familiares. Portanto, hoje nós temos uma geração que é brasileira e angolana e, por isso, nós queremos deixar para os filhos e netos a nossa história”.