INDÚSTRIA

Indústria teme novo ano de perdas com piora da pandemia e restrições

05/03/2021 09:30:00

Indústria teme novo ano de perdas com piora da pandemia e restrições

O final do último ano foi positivo para a indústria. 

A despeito da queda evidente vista no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2020 (retração de 12,3%), o setor apresentou uma expansão de 1,9% no quarto trimestre em comparação aos três meses predecessores e de 1,2% em relação a igual período do ano anterior. 

O saldo anual, no entanto, foi negativo, com queda acumulada de 3,5% frente a 2019, o pior ano para o setor desde 2016. 

Os números da pesquisa foram divulgados na quarta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Entretanto, diante das medidas de isolamento divulgadas pelo país nos últimos dias, o setor teme que 2021 seja um ano de novas perdas. 

A indústria engloba atividades como o setor manufatureiro e extrativo, construção civil e a produção e distribuição de energia e gás.

Em 2020, somente as atividades extrativas alcançaram evolução frente ao ano anterior, com avanço de 1,3%. 

No último trimestre de 2020, o avanço só não foi maior, na avaliação do IBGE, devido aos desempenhos da indústria extrativa (recuo de 4,7% em relação ao terceiro trimestre), construção civil (-0,4%), eletricidade e gás, água e esgoto (-1,2%).

O mercado da construção civil teve um declínio de 7% ao longo do ano.

Outro mercado que sofreu em 2020 foi a atividade das Indústrias de Transformação, que recuou 4,3% ao longo do ano, influenciada, sobretudo, pela queda em volume do valor adicionado da fabricação de veículos automotores, de outros equipamentos de transporte, confecção de vestuário e metalurgia.

Para Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, as projeções para o desempenho da indústria do aço em 2020 vieram melhores que o esperado:

“Em abril de 2020, quando estávamos no auge da crise, prevíamos uma queda de 18,8% para o ano na produção de aço bruto, e encerramos o ano com uma queda de 4,9%”. 

“Da mesma forma, prevíamos uma queda na venda interna de produtos de 17,9%, mas terminamos o ano com crescimento de 2,4%”. 

“E, além disso, prevíamos uma queda do consumo aparente de 19,8%, mas tivemos um crescimento de 1,2%”. 

“Isso mostra que houve uma retomada muito intensa a partir de junho”.

Para este ano, a projeção da indústria do aço é de crescimento de 6,7% na produção de aço bruto, para 33 milhões de toneladas, além de um avanço de 5,3% na venda interna e 5,8% no consumo aparente da categoria:

“O crescimento projetado só será alcançado se a taxa de imunização da população avançar concomitantemente às reformas estruturantes colocadas em pauta no Congresso”. 

“Para recuperarmos a competitividade sistêmica da indústria, precisamos de vacinação em massa e apoio aos desassistidos, além da aprovação dos projetos que reduzam o Custo Brasil, como a reforma tributária e a administrativa. São coisas interligadas”. 

Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), comenta: 

“Não vai haver retomada consistente da economia se não houver solução para saúde. E solução para saúde é vacinação”.

“De março a junho, a produção do nosso mercado [confecção e têxtil] chegou a cair 90%”. 

“Mas, tivemos um crescimento grande no segundo semestre, que foi fundamentalmente motivado pelo auxílio emergencial”.  

“Mesmo assim, não conseguimos fechar o ano no positivo”.

“O setor têxtil fechou o ano com 6,6% negativo, enquanto a indústria de confecção caiu em torno de 20%, assim como o varejo da categoria”.

A indústria, que representa 21,4% do PIB do país, espera que a retomada do crescimento do mercado ande vis-à-vis com o equilíbrio fiscal:

“A expectativa para 2021 era de recuperar a perda de produção ocorrida em 2020 pela interrupção das atividades. Mas, neste momento, o viés é de baixa”.

“Pelo nosso ritmo de atividade no momento, o primeiro trimestre ficará novamente no terreno negativo.”

 

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