Sobram vagas e profissionais: por que a conta da TI n�o fecha?

19/07/2018 15:00:00

Por Irene da Silva Ribeiro, diretora executiva da Ellevo Solu��es em TI

Sobram vagas e profissionais: por que a conta da TI no fecha?
Irene da Silva Ribeiro, diretora executiva da Ellevo Solu��es em TI

Por Irene da Silva Ribeiro
Diretora executiva da Ellevo Soluções em TI

 

Nos últimos meses um dos assuntos que mais tenho visto na imprensa da região e também na mídia relacionada e negócios, carreiras e gestão, diz respeito ao aumento considerável no número de vagas para o setor de tecnologia.

São centenas delas só em Santa Catarina, que conta com pelo menos duas regiões que são polo do segmento no Brasil.

Em contrapartida, percebo recrutadores que enfrentam um grande desafio em preencher estas oportunidades de trabalho, enquanto a taxa de desemprego no Brasil já ultrapassou os 12% da população.

E não falo deste cenário como espectadora, mas sim como executiva que enfrenta na pele a dificuldade de formar equipes consolidadas.

E sempre me vem à mente um questionamento quanto aos números e o panorama apresentado pelo setor de TI quando o assunto é contratação.

Se há, de fato, tanta gente disposta e, especialmente precisando trabalhar, por que a conta nunca fecha?

Por que continuamos tendo dificuldade em contratar enquanto tantas pessoas estão desempregadas?

A reflexão aqui passa pela experiência que eu mesma tenho há mais de 13 anos.

O que sobram não são apenas vagas: são cargos qualificados, que exigem do profissional estudo, bem como dedicação, muitas vezes acima da média.

O que faltam não são pessoas com o desejo de trabalhar, nem gente dedicada e disposta a ingressar nas empresas que tanto procuram currículos. Mas sim quem conte com as atribuições necessárias para os cargos que querem ocupar.

A conta da contratação no setor não bate porque nem sempre o conteúdo apresentado em sala de aula é o que as empresas precisam em seu dia a dia.

E existe um esforço claro das instituições em se aproximar cada vez mais do mercado, através de parceria com as empresas do segmento.

Há, no entanto, uma evolução rápida da tecnologia que nem sempre é acompanhada nas formações profissionais.

Falta, ainda, um contraponto ao preparo técnico, que faça do aluno um candidato preparado para ampliar as relações interpessoais, conviver com diferentes perfis na rotina de trabalho.

Dito isso, acredito que não são apenas pontos positivos que este panorama do setor nos traz. É sim, motivo de comemoração o crescimento constante das empresas de TI, mas também preocupante o fato de que não há um preparo condizente com o que o mercado necessita.

É preciso que estejamos atentos às necessidades cada vez mais evidentes na gestão de pessoas para que este quadro seja revertido e que, ao invés de sobrar vagas, hajam cargos preenchidos, profissionais qualificados e empresas preparadas para os desafios do segmento.