� preciso ter um olho no consumidor e outro na tecnologia

20/10/2017 11:00:00

Especialista aborda o marketing ligado ao varejo da moda

 preciso ter um olho no consumidor e outro na tecnologia

O Sebrae promoveu em Brusque mais uma edição do projeto Moda Catarina, que a entidade mantém em parceria com o Sebrae.

Foi apresentado um workshop ministrado pelo varejista e especialista em marketing, Josué Varella, que proferiu palestra abordando questões de marketing e varejo na área têxtil.

Josué Varella trabalha no mercado varejista desde 1992.

Hoje, atua no grupo Top Brands, detentor também das marcas Polo Wear, Planet Girls e Hot Point.

A rede é formada por 180 lojas no Brasil e tem cerca de quatro mil colaboradores.

Confira alguns dos destaques da palestra:

  1. Existem pilares que são importantes para uma operação de varejo funcionar e dar certo. Às vezes se investe muito no bom produto, no bom ponto comercial e no bom projeto arquitetônico. Mas, se esquece do mais importante, que é o fator humano. Isso é o que faz a diferença na maioria dos negócios.

  2. O consumidor contemporâneo está interessado em produtos com o melhor custo/benefício, ou seja, anseia por uma moda democrática, que reúna qualidade, design e um valor acessível.

  3. O mercado do varejo no presente está fluído, digital e complexo. Muito diferente da realidade que havia há 10 anos. O avanço da tecnologia exigiu do empresário a habilidade de se reinventar e de compreender cada vez melhor sobre como o seu público-alvo se comporta.

  4. Algumas marcas têm apostado na experiência e em ações que estimulem o engajamento. A venda, nesse caso, é consequência.

  5. A principal exigência do cliente ainda é a qualidade. Se já faltar essa percepção, não existe valor nessa relação. Quem espera ganhar o mercado abrindo mão da qualidade pode estar certo de que é um caminho sem volta. Marcas importantes deixaram de existir justamente por isso.

  6. O engajamento envolve o colaborador. Quem não investe em treinamento e não reúne a equipe não pode esperar que o produto sozinho faça milagres. Equipe sem engajamento não traz resultado. É fundamental tratar bem o colaborador, valorizar, dar atenção. Eu sei que é difícil e que é preciso economizar, mas quem paga o mínimo, vai ter o mínimo de resultado.

  7. É preciso ter em conta a a interferência do mundo digital. Nos pequenos negócios formados há mais de uma década, que iniciavam a operação na garagem de casa, depois estendendo a atuação até uma loja do bairro quando, enfim, se atingia o ápice de uma loja em algum conceituado centro comercial. Hoje, o movimento é ao contrário. Uma loja pode nascer apenas em uma rede social e, com um bom número de seguidores, tende a se transformar em uma loja virtual. Agora são os shoppings que andam de olho neste mercado e investem em convites para que os empreendimentos estendam sua atuação também em espaços físicos.

  8. É inevitável estar nas redes sociais. Existe um aparelho que não fica um metro distante de todos nós e que nos referencia. O celular já dominou o mundo dos negócios e o comportamento de compras. A velocidade da mudança é tão grande que, quem não se preparou, pode ficar de fora desse mercado.

  9. Você sabe qual a razão de nem toda oportunidade ser convertida em venda? São três possibilidades: produto ruim, atendimento ruim ou indisponibilidade de produto. Às vezes, mais de uma associada. E, apenas uma, pode ser suficiente para o fracasso do negócio.

  10. O importante é que é possível melhorar esses três aspectos e algumas perguntas devem ser feitas com um olhar crítico, indiferente da posição que se ocupa nessa cadeia. A qualidade do produto pode melhorar? Há investimento e treino da equipe? A cadeia de suprimento está preparada? A conversão de vendas já começa na vitrine. Muito lojista economiza na contratação de um vitrinista porque custa caro. Caro é não atrair cliente para dentro da loja.

  11. A atenção do consumidor agora está voltada para os recursos tecnológicos e a maioria enxerga valor em um celular de marca, por exemplo. A economia do país mudou muito nos últimos 30 anos: veio a conquista da casa própria, do carro novo. E sobrou pouco dinheiro para investir no vestuário. Enquanto marcas famosas e consagradas vão perdendo a força por não adequar seus preços a este novo comportamento, os magazines crescem justamente em cima deste contexto.

  12. O desafio é resignificar o varejo da moda, que passa por uma profunda transformação no mundo através da perda de relevância. Existem novos canais de concorrência e muita dificuldade para treinar e reter equipe. Tudo isso ainda acentuado e mais complexo em razão da crise.

  13. É necessário compreender o comportamento do nosso tempo e o quanto as experiências estão sendo valorizadas, aliado à tecnologia que tem um espaço muito grande no imaginário e no desejo das pessoas.

  14. Basta observar os grandes magazines: mais importante é passar uma mensagem bem produzida do que encher a entrada da loja com excessos. Assim, as marcas apostam em três manequins conceituais e ampliam a entrada do estabelecimento. A intenção é atrair o consumidor, já que a magia acontece do lado de dentro. Algumas, inclusive, já desenvolvem vitrines interiorizadas, ou seja, o cliente precisa entrar para ver as peças expostas, pois a vitrine está do lado de dentro.

  15. Valorizar o ser humano é nobre e essencial. Lojas exalam felicidade ou angústia e a gente percebe isso enquanto consumidor. Trabalhar com respeito e verdade é a regra do jogo. O trabalho não é apenas uma fonte de renda, ele é um ambiente que nos transforma em pessoas melhores. Dinheiro é só a consequência do esforço combinado de todos.

  16. Pesquisas indicam que 13% da renda média do brasileiro é gasta com vestuário. A intenção é fazer com que o cliente gaste o máximo com você. Então o painel de controle é necessário. Anote quanto a loja vende, quanto cada vendedor vende, quantas peças saem por dia, quantos atendimentos são realizados. Ao se observar isso é que se encontram as oportunidades de melhorias. E, lembrem-se: o que não se gerencia, não se controla.